Margaret Pelicano

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

CARTA


Querida Adriana,

Desejo que você esteja, feliz, onde estiver. Impossível ser de todo feliz no mundo espiritual, deixando aqui uma filhinha!
Estou escrevendo a você, para agradecer alguns ensinamentos, vindos de pessoa tão jovem: "mesmo que eu tenha dinheiro algum dia, filhos meus estudarão em escolas públicas. Não aprecio pessoas iguais como se tivessem saído de fábricas de biscoito, todas pensando do mesmo jeito, agindo do mesmo jeito, robôs."
Eu, mais velha que você, podendo ser sua mãe, ouvindo ensinamentos tão profundos. Parecem não ser, mas são! Iguais, só adolescentes porque sentem-se bem assim, junto aos colegas. Assim mesmo, alguns dão o grito de liberdade apreciando o diferente.
Quando aprenderemos a ouvir o outro e pensar sobre o que ele diz ou faz, sem julgá-lo? Sem criar muros para entendê-lo? Sem querer que ele goste, faça ou fale como eu. Cansada estou de pensar sobre isso, esforçando-me loucamente para mudar e não interferir na vida do outro, a não ser para ajudá-lo quando ele quiser.
Ligo a TV, acidentes com morte, todo final de ano é assim. E no início dele, IPTU, IPVA, MATERIAL ESCOLAR , MATRÍCULA de crianças...o dinheiro parece uma cachoeira, indo embora, sem podermos usá-lo para realizar sonhos.
Como é bom sonhar. E como é bom realizar muito do sonhado.
Sabe Dri, a vida é um eterno jogo de interesses e como estou cansada disso. Golda Meir - 1898 a 1970, primeira ministra de Israel dizia: "Um líder que não hesita antes de mandar seu país à guerra não está pronto para ser um líder". No meu ponto de vista, foi uma grande mulher, e como admiro grandes mulheres, desde a bóia-fria que planta e colhe os alimentos que como, desde a doméstica que deixa minha casa limpa e cheirosa, desde a frágil menina que medrosamente vai para a escola, apavorada no primeiro dia, até uma mocinha como você, que era minha chefe, desencarnou tão jovem, mas fez muito pelas escolas públicas do DF, naquele nosso trabalho de formiguinha, lento, diário, mas preciso, forte que é deixar nossos dois ou três filhos em casa e educar 500, 700 filhos dos outros por mês, 400 mais ou menos por dia! Você foi também uma grande mulher.
Por isso, minha amiga, você sabe que o que digo é verdade, você virou estrela e lê as verdades de minha alma, poderia se corresponder comigo em sonhos, contar-me sobre os trabalhos do mundo espiritual para fazer os mundos desenvolverem-se e ajudar-me a compreender melhor o que estou fazendo aqui, quando bate a desesperança. Padre Antônio Vieira - 1608 a 1697, missionário e orador sacro português dizia: para falar ao vento bastam palavras; para falar ao coração são necessárias obras. Continuemos, pois, trabalhando.
Doce e querida mestra do bom senso e do trabalho sério, agradeço a Deus ter conhecido você, tão culta, corajosa, infatigável na educação do homem. Se puder, gostaria de receber o retorno, seu, ou de outra alma vivente para filosofarmos sobre a função do ser vivo no universo.

Abraços, Margaret

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escrito por Margaret Pelicano às 14:07

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