Margaret Pelicano

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A PAÇOCA




Ploc - ploc - ploc
o pilão amaciando a paçoca
de carne seca e farinha
jogada aos poucos
misturando-se ao caldo da carne
minha boca cheia d'água
querendo provar o comezinho,
o sabor inigualável
que deseja também o passarinho,
a rodear os respingos...
Papagaio solta o grito,
só quer pra ele a sobra do repasto
e o aroma espalhado pela vizinhança!
onde todos dizem: D. Filhuca está a fazer paçoca,
que delícia de "comilança"...

-Quero paçoca, quero paçoca!
Aflito está o papagaio, lá no alto do galho!
Fazendo a maior festança!
-Quero paçoca senão vou ter uma sororoca!
Seu José, amansador da carne: -cala a boca atrevido!
Para com a gritaria!
Ele abranda a fala: -Quero paçoca e cafuné!
Voa ao ombro de seu José
que na cabeça lhe dá um beijinho!
Ele ,de um ombro ao outro, aguarda mais cafunezinho...
O pobre velho às escondidas
a paçoca lhe dá um pouquinho
sujando-lhe o bico!
Drrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...louro qué mais paçoca!
- Quieto Louro, se Filhuca descobre,
lá vem o estouro!
E ploc-ploc-ploc continua o pilão
a preparar o manjar dos deuses
a melhor comida da região...
ela vai ficando pronta,
minha boca salivando,
ali quietinha esperando,
sentada num banquinho,
Eita comida das gerais:
carne seca com farinha,
abiscoitados no pilão...
quanta agonia meu Deus!
Quanda chega minha porção!?

Brasília - 30/09/2006

Marcadores: ,

escrito por Margaret Pelicano às 13:07

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

poesias, contos, crônicas, cartas