Margaret Pelicano
domingo, 24 de fevereiro de 2008
DUETO: O QUE APRENDI
O QUE APRENDI COM MINHA MÃE
Margaret Pelicano
O século XX foi palco de muito medo: a primeira e a segunda guerras mundiais, o suicídio de Getúlio Vargas, a ditadura no Brasil e outros países da América Latina. Situações que interferiram e muito na vida dos mais diversos povos. Neste contexto caótico, nasceram em Minas Gerais, em 1924 e 1928, o meu pai e a minha mãe. Ele filho de italianos e ela descendente de espanhóis e da miscigenação brasileira. Resultado: uma mulher forte, guerreira.
Nesta época, as notícias demoravam a chegar ao interior, mas meus pais viviam atualizados. Ele gostava de ler jornais e ela de ouvir rádio. A TV só chegou até nós por volta de 1965. Era cara, difícil de comprar e precisava de muitas antenas para assistirmos a uma novela bem chuviscada e em preto e branco, no vizinho.
Conforme fui me sentindo gente, percebi que ter receio de minha mãe era algo bom. Muito séria, ser arteira como eu fui, não teria um bom resultado. Como me encantava com as brincadeiras na rua, numa época sem perigos, se bobear, apanhava. Não querer ir pra escola, impensável! Vinda de uma educação tradicionalíssima, dela recebíamos as leis do lugar:
- não se deve magoar ninguém;
- o melhor marido de uma mulher é um bom emprego, para isto é necessário estudar;
- confiar, desconfiando;
- trabalho é a redenção do pobre.
Margaret Pelicano
O século XX foi palco de muito medo: a primeira e a segunda guerras mundiais, o suicídio de Getúlio Vargas, a ditadura no Brasil e outros países da América Latina. Situações que interferiram e muito na vida dos mais diversos povos. Neste contexto caótico, nasceram em Minas Gerais, em 1924 e 1928, o meu pai e a minha mãe. Ele filho de italianos e ela descendente de espanhóis e da miscigenação brasileira. Resultado: uma mulher forte, guerreira.
Nesta época, as notícias demoravam a chegar ao interior, mas meus pais viviam atualizados. Ele gostava de ler jornais e ela de ouvir rádio. A TV só chegou até nós por volta de 1965. Era cara, difícil de comprar e precisava de muitas antenas para assistirmos a uma novela bem chuviscada e em preto e branco, no vizinho.
Conforme fui me sentindo gente, percebi que ter receio de minha mãe era algo bom. Muito séria, ser arteira como eu fui, não teria um bom resultado. Como me encantava com as brincadeiras na rua, numa época sem perigos, se bobear, apanhava. Não querer ir pra escola, impensável! Vinda de uma educação tradicionalíssima, dela recebíamos as leis do lugar:
- não se deve magoar ninguém;
- o melhor marido de uma mulher é um bom emprego, para isto é necessário estudar;
- confiar, desconfiando;
- trabalho é a redenção do pobre.
Apesar da seriedade dos ensinamentos, fomos crescendo ingênuas demais, humildes em excesso. Viemos para Brasília quando eu tinha 19 anos, em 1970. Minha primeira irmã, tinha 15 anos, a segunda irmã 13, e a caçula 7. Simpáticas, alegres, inocentes, sem preparo para enfrentar as armadilhas da cidade grande. Nosso anjo de guarda espiritual e o anjo mãe deram-se as mãos e nos protegeram. Assim, nosso caminho foi repleto de pessoas ‘sangue bom’.
Por acreditarmos que o trabalho é bênção, trabalhávamos fora, fazíamos cursos gratuitos oferecidos pela SEDF e compartilhávamos a limpeza exagerada da casa, esta, sempre um primor.
Escrevendo estas lembranças, recordo cada vez mais tudo o que aprendi com ela: ser forte, mesmo que o medo nos assole, enfrentar as dificuldades!
Ela costuma dizer: “A gente era feliz e não sabia”. Vivíamos uma vidinha bem original no interior, tínhamos vizinhos magníficos, plantávamos o milho com que fazíamos nossa pamonha, colhíamos o próprio chuchu, as frutas do quintal, criávamos galinhas, repartíamos o que era bom e o que era ruim.
Ela ainda é referência em tudo o que faço. Quando ainda ministrava aulas, lembrava-me constantemente dos provérbios que ela repetia : “Quem faz os de fora sorrir, faz os de casa chorar”, era um deles.
Dona de uma caligrafia invejável e de uma lucidez incrível, até hoje cuida de sua vida financeira e dá conta de tudo o que a envolve. Ajudar a família sempre, é o seu lema! Super mãe, esta mulher de 80 anos, tem cheiro de sol quando nasce!
Brasília , 24/02/2007
O QUE APRENDI COM MINHA BISAVÓ
Laura Sillos
- Você fez isto?
- Não fiz.
- Você fez, sim!
- Não fiz!
- Laura, você fez que eu sei!
- Tá, então fiz! Fiz com gosto!
( risos!)
Aprendi com minha bisa que diante de uma situação insistente, melhor concordar! É pacífico e não desgasta!
Brasília, 24/02/2008
Pelo aniversário de 80 anos de Ilce Sillos Pelicano
Brasília , 24/02/2007
O QUE APRENDI COM MINHA BISAVÓ
Laura Sillos
- Você fez isto?
- Não fiz.
- Você fez, sim!
- Não fiz!
- Laura, você fez que eu sei!
- Tá, então fiz! Fiz com gosto!
( risos!)
Aprendi com minha bisa que diante de uma situação insistente, melhor concordar! É pacífico e não desgasta!
Brasília, 24/02/2008
Pelo aniversário de 80 anos de Ilce Sillos Pelicano
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