Margaret Pelicano
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
ENVELHECER
Sentir o corpo arder,
mas não é desejo;
sentir dores nos pés,
mas não é futebol;
sentir os ombros caírem,
mas não é vôlei, nem basket;
sentir os braços se alongarem,
mas não é brincadeira de roda;
sentir as pernas afinarem,
mas não é regime;
sentir o amor ir embora,
mas não é morte;
sentir desesperança,
é a falta de saúde;
rir pouco, chorar mais;
é a depressão;
sentir a energia indo, indo,
é a mocidade que finda;
sentir tristeza,
é a solidão imposta;
e não venham dizer:
que é preciso saber envelhecer!
Uns sabem,
a maioria não!
Não é coisa que se aprenda ao nascer,
nem na escola, nem na vida...
é a partida
da ilusão;
é a espera da morte;
é sentir os desprezo dos jovens,
e o amor das crianças;
é a impaciência dos filhos;
o cansaço da família
o não dar mais conta de tanto trabalhar,
e se bobear, ouvir: pessoa preguiçosa!...
É enxergar o céu azul do amanhecer
e perguntar:
até quando?
É amar a chuva
e saber que nunca mais
poderá caminhar sob ela
por que a pneumonia está a espreita;
o reumatismo corre célere...
a vista se cansa,
mas quer guardar na retina
mais e mais belezas
com medo de não mais enxergar,
a pele aprecia o sol,
porém, há que se cuidar:
se muito mata;
se pouco o osso quebra;
enfim, quase nada mais,
se aproveita,
enfim, quase nada mais,
se aproveita,
e pouco se deleita!
Brasília - 15/02/2008
Brasília - 15/02/2008
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