Margaret Pelicano

domingo, 25 de maio de 2008

DUETO: SOU DO TEMPO - Tânia e Margaret


SOU DO TEMPO
Tânia Lemke

Antiquada e fora de moda sou um tipo de mulher que ainda romantiza e sonha, que olha a pétala de uma rosa e enxerga através dela a suavidade do toque do homem amado.

Uma mulher que gosta de receber flores, mesmo as arrancadas de algum jardim num crepúsculo qualquer de uma paixão.

Uma mulher que reconhece a gentileza de um homem ao abrir uma porta e deixa-la delicadamente pela mesma passar em primeiro lugar.

Mulher que é convidada, não convida... que oferece ao seu companheiro a oportunidade de escolha de seu predileto lugar em um restaurante, pequena porém fundamental delicadeza. Que agradece, diz por favor e obrigado sempre, que chora quando erra e sorri quando acerta, encabulada com a própria singeleza de sua atitude infantil, alma criança que ainda é.

Tola mulher eu sou, que acredito que um romance possa ter um feliz final, como nos contos de fadas, que acredito nas promessas e palavras tão facilmente pronunciadas pela boca do bem amado.

Uma mulher que ainda lembra do filme "Sissi, a Imperatriz" e emociona-se, sentindo-se lindamente vestida de princesa em seu traje majestoso, alvo, cândido, lindo e que dança no meio do salão de sua ilusão a valsa dos sonhos, sonhos crianças, adolescentes, juvenis, adultos e hoje, maduros.... mas ainda assim, sonhos.

Por quê quebrou-se todo este encanto? Por quê palavras voam soltas e superficiais hoje em dia, onde mais vale o volume de seus quadris que o tamanho de seu coração? Onde a arte deixa de ter prioridade e os inexpressivos vencem? Onde o belo deixa de ser a delicadeza das cores e poéticas palavras e passa a ser a aberração destoante das formas mal traçadas e linhas mal definidas? Onde o espírito leve e ingênuo deixa de ter valor em contrapartida aos valores fúteis dos que podem, ou pensam que podem matar o romance, a beleza, a arte, a paixão, a ingenuidade, o olhar esperançoso da criança na esquina, que acha normal ali estar de mãos estendidas à uma sobra qualquer de um poderoso qualquer?

Sou, sou antiquada sim, pois ainda choro ao ouvir musicas clássicas, assim como emociona-me o cantar do sabiá, nas árvores dos arredores.

Antiquada por ainda defender valores tão fúteis e banais a tantos como preservar uma bela árvore, um ipê simples e singelo, nascido num jardim qualquer e tentar conscientizar as pessoas de que precisamos cuidar melhor de nossos animais, cuidar de nossa água, nossos rios, nossas florestas, nosso ar. Tola de ainda acreditar que é mais importante ensinarmos às nossas crianças o significado de ética, a honrar a palavra, a seguir os mandamentos, ensiná-la a entender uma obra de arte, a ler um poema e até, a tentar escrever o seu poema.

Uma mulher sou, que sabe o significado de cada letra da palavra "amigo", que sabe valorizar cada um dos que tem, aceita-los em qualquer circunstância e tentar sempre, mesmo quando julgar impossível, estar ao seu lado na hora da tristeza e do pânico, das lágrimas e da solidão, por saber que nestas horas, tão poucos são os que ficam.

É, esta mulher sou, tola, romântica, sensível, crédula... antiquada mesmo, que ainda acha que são lindas as diferenças entre um homem e uma mulher mas que acima de tudo, ainda acredita no amor verdadeiro, eterno, infinito, além desta vida tão frágil e banal de nossos atuais dias. Lamento pelos que perderam o lirismo de seu coração, entristeço-me pela falta de tempo dos que vivem em função de um relógio até para dizer simples palavras como obrigado, por favor, eu amo você... e lamento especialmente pelos que esqueceram-se do encanto existente num botão de rosa a desabrochar ou numa doce e simples maçã do amor.15/11/2006


SOU DO TEMPO
Margaret Pelicano

Sou do tempo em que jogar amarelinha era a mais doce diversão;
Brincar de pique-esconde exigia concentração;
Galgar as árvores mais altas requeria elasticidade;
Andar sobre os muros das casas, era ter equilíbrio e sagacidade...
Sou do tempo da boa vizinhança, da boa vontade;
Alziro Zarur falava para qualquer idade;
Pular fogueira de São João não era pagar mico;
E em pensamentos eu falava contigo...
Sou do tempo do amor puro, do beijo de selinho;
Andar de mãos dadas na praça da cidade,
era estar namorando, compromisso, respeito;
Dançar de rosto colado era paixão sem jeito!
Sou do tempo em que carinho era gostoso demais,
nem se sentia vergonha de pedir um abraço;
amigos eram de verdade, não somente colegas...
quanto mais tempo tinha a amizade, mais pregas...
Ah! sou do tempo de tanta coisa boa,
de voltar do colégio cantando: Do you want to dance...
e há quem pense:
Que coisa boa! Outros, que bobagem, meu Deus!
Mas o que realmente vale a pena,
é que sou do tempo do amor incondicional aos pais,
à escola, aos filhos, nossos iguais!
Sou de um tempo maravilhoso demais!
Brasília - 25/05/2008

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escrito por Margaret Pelicano às 14:48

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