Margaret Pelicano

sexta-feira, 18 de julho de 2008

LUA, VENHA DESPERTAR MEUS IRMÃOS AMADOS

SÓ OS LOUCOS TEM A CAPACIDADE DE VER A POESIA ATÉ ONDE ELA NÃO EXISTE!
Margaret Pelicano

Costumo descer com o meu casal de Yorkshire três vezes ao dia. Moro em apartamento e eles ficam loucos de alegria quando descem, sentem falta da natureza, acho! Exatamente hoje, fiquei deslumbrada com a Lua, em perfeita conjunção cósmica com Vésper.
Recordei-me que quando criança, ao chegar na casa de avós e tios, encontrava na sala de estar um quadro de Jesus no Monte das Oliveiras, olhando para um céu estreladíssimo e uma lua cheia de arrepiar! Ali eu sempre percebi o que é transcendência. O que é estar na Terra e não estar. Ficava de olhos vidrados naquela imagem.
Outros quadros que eu observava eram: o Sagrado Coração de Maria ; este apresentava o coração fora do peito e as lágrimas escorriam dele, tão machucado pela morte dolorosa do Cristo; do lado, estava O Sagrado Coração de Jesus chagado pela lança romana.
Sempre vi quadros de Santa Rita, todos tinham um altarzinho num canto, um oratório com São Judas, Santa Terezinha do menino Jesus, a maioria rezava o terço todos os dias, às 6 horas da tarde, ia à missa todos os dias pela manhã, para começar bem o dia. Quem não ia, certíssimo estar em uma das missas de domingo, ou nas igrejas 'evangélicas', ou nos Centros Espíritas! Todos criam em um Ente Superior, criador do Céu e da Terra, e, que rege a vida dos seres...
Caminhei com os cachorros, louca para voltar e escrever esta crônica, tamanhas as recordações daqueles tempos rezadeiros, religiosos, intimistas!...
Não vejo na maioria dos jovens de hoje esta vontade de transcender, de buscar o espírito, ou percebê-lo: no quarto que dormem, na energia dos alimentos, no carinho dos animais, dentro de um templo. Quase tudo virou uma massa ignara, remexida e massacrada pelas máquinas, como massa de pão de padaria. Todos saem iguais como pão francês, poucos pensam diferente., pouco observam detalhes!
A Lua está lá fora, iluminando tudo, mexendo com as marés, descobrindo os animais nas matas, clareando os rios, matizando os lagos de dourado. O mar deve estar enamorado, pois em torno dela há uma coroa de estrelas, ela a rainha da noite, os astros seus servos.
E, os pobres mortais, cá embaixo, vendo TV, escrevendo textos no computador, ouvindo músicas americanas bobas, sem letra e sem melodia, jogando joguinhos eletrônicos de guerra.
Esquecemos de ser bons, crédulos, afáveis, de conversar com Deus, como Jesus fazia! ?
Talvez só os loucos A vejam e A admirem. Só eles tem a capacidade de ver a poesia onde ela está e onde ela não existe!

Brasília - 18/07/2008

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escrito por Margaret Pelicano às 20:17

2 Comentários:

Maravilha, Margaret!
Um deleite suas palavras e a leveza do texto. Midi que enriquece e enternece.
Não só você, amiga. Eu, uma 'louca' a mais aqui...
Estava preparando o jantar quando minha filha, outra 'louca', lá fora, vendo a beleza da Lua, chamou-me, encantada.
Ficamos por alguns minutos olhando-a, embevecidas... deslumbradas. Mudávamos de lugar, aproveitando o visual em todos os pontos que a pudéssemos observá-la melhor em meu jardim.
A poesia estava ali, no meu jardim, iluminando e fazendo-o ainda mais agradável.
Somos todos loucos aqui em minha casa, onde podemos ver a Lua mais de perto... Todos dizem que o céu e as nuvens em Brasília estão mais perto de nós. Sinto isso e sempre me acalanto com essa beleza que faço parte.
A Lua, essa beleza de Deus que encanta, é uma loucura que não atormenta, mas afaga, embriaga.
Sempre a observamos... Um deleite, os três olhando a Lua: eu, meu filho e minha filha.
'Loucos' somos e nos completamos com esse amor-poesia que nos une e nos faz tão bem.
Hoje contemplamos o céu da mesma forma, doce poetisa Margaret. Lindo, não? Ou só os 'loucos' nos entenderão? Doce loucura a nossa.
Sinta-se abraçada por mim, pelo céu, pela Lua...
Shalom!
Lídia Valéria Peres

20 de julho de 2008 às 11:16  

Margaret, eu de novo aqui Seus textos me são incrivelmente
familiares; este, em especial, fez-me recordar minha mãe: ela nos
contava que em dada época de sua vida, meu pai era caseiro de uma
chácara em Atibaia, SP. Todos os finais de semana o patrão viajava
da Capital para lá de trem e meu pai o apanhava de charrete na
estação, com destino à sua propriedade. Minha mãe era quem
cozinhava e o Dr. Hugo tinha predileção por ovos fritos em panela
transbordante de gordura quente. Obviamente que minha mãe os
preparava muito bem. Contava-nos ela que, após o jantar, Dr. Hugo se
sentava na varanda e a chamava: "Ô, Neeeeena, venha ver a
Luuuuuaaaaa." (ainda me recordo do tom de voz dela nos contando isso)
Então será que alguém poderia imaginar que uma simples roceira
se sentasse ao lado do respeitoso patrão e ficassem ali admirando a
tão cantada lua? Coisas de gente sensível? Só sei que a Lua
proporcionava nesse caso transpor distâncias sociais deixando aflorar
a sensibilidade e o amor à natureza. Obrigada por nos agraciar com
seus belos textos levando-me a tão boas recordações, A Paz,
sempre, Cida /Santos - SP

20 de julho de 2008 às 11:29  

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