Margaret Pelicano
terça-feira, 14 de julho de 2009
Confesso que vivi(Neruda)
FAÇO POESIA
Margaret Pelicano
Faço poesia por que a alma dói!
Aí escrevo, choro, sinto saudades, desejo....
Faço poesia por que não encontrei remédio
para o desapego, para o desassossego...
E nesta busca incessante de amar
e de ser amada de qualquer jeito,
controlo as ânsias que invadem o peito!
Converso comigo mesma sem preconceito...
Escrevo! Escrevo mesmo! Está na alma
esta falta de calma, esta ansiedade
por querer melhorar o mundo...
E antes tande que nunca, vou fundo:
falo de todo tipo de amor com alarde
deste amar que em meu peito arde!
Brasília - 14/07/2009
Margaret Pelicano
Faço poesia por que a alma dói!
Aí escrevo, choro, sinto saudades, desejo....
Faço poesia por que não encontrei remédio
para o desapego, para o desassossego...
E nesta busca incessante de amar
e de ser amada de qualquer jeito,
controlo as ânsias que invadem o peito!
Converso comigo mesma sem preconceito...
Escrevo! Escrevo mesmo! Está na alma
esta falta de calma, esta ansiedade
por querer melhorar o mundo...
E antes tande que nunca, vou fundo:
falo de todo tipo de amor com alarde
deste amar que em meu peito arde!
Brasília - 14/07/2009
Marcadores: Poesia - Lírica
O GIF é presente de Natal da Marilda...
SOU DO TEMPO...
Margaret Pelicano
Nasci no tempo em que existiam sapateiros e sapatarias. Época de poucos sapatos. Quando eles furavam pelo uso constante, ou cambeteavam, fazia-se meia sola ou tracava-se o salto.
Nesta época, remendavam-se roupas para que elas durassem mais e de tanto remendar dizia-se: 'remenda-se mais uma vez, dura mais um mês.' Comprava-se um ovo de pedra para colocar na ponta das meias ou no calcanhar e remendá-los corretamente também. Sou de terra de muito frio, descartar meias, jamais. As meias finas das mulheres, tinham uma bela costura atrás, deixavam as panturrilhas lindas, chamavam a atenção, eram sensuais. Quando principiavam a desfiar, colava-se o fio teimoso com uma gotinha de esmalte. Ela durava mais umas boas lavadas, embelezando as pernas torneadas..
Faziam toalhas de saco curtido, bem branquinho. Como eu era criança e no interior eram poucas as TVs, as adolescentes divertiam-se fazendo bainhas, franjas e bordando ponto cruz nas toalhas de saco à noitinha, e o dedo de prosa se esticava, enquanto se trabalhava.
Era época difícil, de pouca indústria, de viajantes indo de cidade em cidade, como ciganos, oferecendo os seus produtos. Época do meu pai viajante, às vezes de calçados, noutras de alumínio. Quando ele voltava das suas longas viagens costumava trazer caixas de pêssegos que derretiam na boca, latas de vinte litros com balas variadas outras repletas de biscoitos maizena e maria. Como eu ficava orgulhosa dele. Distribuía para os amigos da vizinhança que até hoje se lembram disto.
Costureiras eram famosas. Íamos às lojas para escolher o tecido, comprado à metro e faziam-se roupas sob medida. Conseguir um espaço com estas modistas era entrar na agenda de meses e aguardar. Aí usávamos uma psicologia inata: era agradar, elogiar e presentear a artista.
Naquela época, os ternos eram de linho branco, difíceis de lavar e passar, e tinham que estar quebrando de tão alinhados. O fogão era de lenha com forno acoplado. A comida saborosa, cozida lentamente; as frutas mais doces. Tirava-se o macuco do pé com caco de telha, quando este encardia por andarmos descalças.
Preparava-se o Natal com muita antecedência, raspando figos, pêssegos; ralando cidra, encomendando muitos litros de leite, para os doces. Um mês antes era uma faina: fazer pão com torresmo, roscas de desfiar no boca de tanto sovar, rosquinhas de nata e pinga, palitos 'champanhe' e armazenar em latas de 20 litros, sempre muito cobiçadas por serem hermeticamente fechadas e não deixarem nada se estragar. O porco do ano, engordado, coitado...era morto longe dos nossos olhos, limpo temperado, transformado em saborosas linguiças e a carne... guardada em banha...o torresmo trincava na boca
Sou do tempo em que as mulheres riam com 'glamour', educadamente. Como fujo à regra, acho que quebrava taças de vidro (e não de cristal!) com minhas gargalhadas que minha mãe nunca conseguiu educar.
Sou do tempo de sair da Escola de Comércio à noite, voltar para casa com ruas pouco iluminadas e ter medo de assombrações, nunca de gente; de enfiar a faca na bananeira e no dia de Santo Antônio retirar, para ler ali gravado, o nome do namorado.
Sou do tempo em que os estudantes desfilavam no 7 de setembro e tinham noção de nacionalidade. Como disciplina estudavam Moral e Cívica no Ensino Médio, e Estudo dos Problemas Brasileiros na faculdade.
Sou do tempo de torrar e moer café em casa e ele não fazer mal. Sou do tempo em que os homens fumavam cigarro de palha e não me lembro deles morrerem com câncer de pulmão.
Sou do tempo do Crush, da limonada caseira, das primeiras calças Lee, do tênis Bamba, de charretes, carros de boi. Sou do tempo da vergonha na cara, que nunca perdi, graças a Deus, pois hoje poderia não mais encontrar.
Brasília - 12/07/2009
Margaret Pelicano
Nasci no tempo em que existiam sapateiros e sapatarias. Época de poucos sapatos. Quando eles furavam pelo uso constante, ou cambeteavam, fazia-se meia sola ou tracava-se o salto.
Nesta época, remendavam-se roupas para que elas durassem mais e de tanto remendar dizia-se: 'remenda-se mais uma vez, dura mais um mês.' Comprava-se um ovo de pedra para colocar na ponta das meias ou no calcanhar e remendá-los corretamente também. Sou de terra de muito frio, descartar meias, jamais. As meias finas das mulheres, tinham uma bela costura atrás, deixavam as panturrilhas lindas, chamavam a atenção, eram sensuais. Quando principiavam a desfiar, colava-se o fio teimoso com uma gotinha de esmalte. Ela durava mais umas boas lavadas, embelezando as pernas torneadas..
Faziam toalhas de saco curtido, bem branquinho. Como eu era criança e no interior eram poucas as TVs, as adolescentes divertiam-se fazendo bainhas, franjas e bordando ponto cruz nas toalhas de saco à noitinha, e o dedo de prosa se esticava, enquanto se trabalhava.
Era época difícil, de pouca indústria, de viajantes indo de cidade em cidade, como ciganos, oferecendo os seus produtos. Época do meu pai viajante, às vezes de calçados, noutras de alumínio. Quando ele voltava das suas longas viagens costumava trazer caixas de pêssegos que derretiam na boca, latas de vinte litros com balas variadas outras repletas de biscoitos maizena e maria. Como eu ficava orgulhosa dele. Distribuía para os amigos da vizinhança que até hoje se lembram disto.
Costureiras eram famosas. Íamos às lojas para escolher o tecido, comprado à metro e faziam-se roupas sob medida. Conseguir um espaço com estas modistas era entrar na agenda de meses e aguardar. Aí usávamos uma psicologia inata: era agradar, elogiar e presentear a artista.
Naquela época, os ternos eram de linho branco, difíceis de lavar e passar, e tinham que estar quebrando de tão alinhados. O fogão era de lenha com forno acoplado. A comida saborosa, cozida lentamente; as frutas mais doces. Tirava-se o macuco do pé com caco de telha, quando este encardia por andarmos descalças.
Preparava-se o Natal com muita antecedência, raspando figos, pêssegos; ralando cidra, encomendando muitos litros de leite, para os doces. Um mês antes era uma faina: fazer pão com torresmo, roscas de desfiar no boca de tanto sovar, rosquinhas de nata e pinga, palitos 'champanhe' e armazenar em latas de 20 litros, sempre muito cobiçadas por serem hermeticamente fechadas e não deixarem nada se estragar. O porco do ano, engordado, coitado...era morto longe dos nossos olhos, limpo temperado, transformado em saborosas linguiças e a carne... guardada em banha...o torresmo trincava na boca
Sou do tempo em que as mulheres riam com 'glamour', educadamente. Como fujo à regra, acho que quebrava taças de vidro (e não de cristal!) com minhas gargalhadas que minha mãe nunca conseguiu educar.
Sou do tempo de sair da Escola de Comércio à noite, voltar para casa com ruas pouco iluminadas e ter medo de assombrações, nunca de gente; de enfiar a faca na bananeira e no dia de Santo Antônio retirar, para ler ali gravado, o nome do namorado.
Sou do tempo em que os estudantes desfilavam no 7 de setembro e tinham noção de nacionalidade. Como disciplina estudavam Moral e Cívica no Ensino Médio, e Estudo dos Problemas Brasileiros na faculdade.
Sou do tempo de torrar e moer café em casa e ele não fazer mal. Sou do tempo em que os homens fumavam cigarro de palha e não me lembro deles morrerem com câncer de pulmão.
Sou do tempo do Crush, da limonada caseira, das primeiras calças Lee, do tênis Bamba, de charretes, carros de boi. Sou do tempo da vergonha na cara, que nunca perdi, graças a Deus, pois hoje poderia não mais encontrar.
Brasília - 12/07/2009
Marcadores: Crônica
Deus é amor....
UM DIA VOCÊ CUIDOU DE MIM...
Margaret Pelicano
Não era pra gente envelhecer juntos?
Um cuidando do coração do outro,
Não permitindo a esclerose avançar sobre o sentimento?
Curando feridas, evitando lamentos?
Pois é, você foi o maior dos meus casos,
os abraços mais confortadores por tanto tempo,
o amor mais cobiçado, pelo qual tanto lutei
e de repente tudo acabou, dispensei!
Hoje, ouço o Roberto, vêm-me lágrimas
aos olhos cansados! Os minutos, as horas
passaram tão rápidos...a vida se arvora
de responsabilidades e seriedades....
E eu percebo um gosto acre na boca
misto de solidão e desengano
saudades dos momentos de paz e segurança,
alegrias e muitas mudanças...
Ele, o amor, não mudava, era firme, constante,
agora um vazio me invade, nem o Roberto
preenche com suas músicas o que me falta,
falta-me do amar o teto, o jardim, as flores...
Nunca mais juntos, paralelas que se distanciaram,
filhos, cada um pro seu lado,
resta-nos a música, as lembranças em cores,
os sonhos em suaves passos de dança...
Um dia você cuidou de mim
eu cuidei de você,
era cheiro de jasmim,
não precisava de respostas para os por quês...
Hoje, cuido-me, até quando?
Quem cuida de você?
Sem respostas plausíveis envelhecemos
Quem diria, parece que nem juntos vivemos...
Brasília - 11/07/2009
Marcadores: Poesia - Lírica
Amo Animais
PARA GRACE
Margaret Pelicano
Hoje me deu uma baita saudade
da Grace, carinhosa e gentil,
espalhando alegria por onde passa,
correndo atrás dos esquilos à mil,
roendo glutona cada grão de ração,
desfiando o frango com os dentes,
adorando arroz e feijão!
Parece um touro de forte,
um bebê na contramão...
Hoje me deu uma baita saudade,
do ronco da Grace à noite,
do ronronar feito gato dormindo de dia...
Ela é uma 'boxer' albina,
uma cadela menina!
Adora sentar-se em meu colo
afundando-me no sofá da sala,
ou exigindo seu lugar no canto guardado,
dando o patarrão
para eu puxá-la e abraçá-la ...
Se tudo der certo,
irei vê-la em setembro, outubro, novembro,
nem sei!
Deus é quem sabe!
Gritarei do lado de fora: Graceeeeeeeeee!...
e ela começara a pular dentro de casa!
Mais uma menina na família,
ela e Pandorinha são demais,
fazem nossos dias mais felizes,
principalmente quando as vemos 'face to face!'
Até mais, Graceeeeeeeeeeeeeeee....
Brasília - 25/06/2009
Margaret Pelicano
Hoje me deu uma baita saudade
da Grace, carinhosa e gentil,
espalhando alegria por onde passa,
correndo atrás dos esquilos à mil,
roendo glutona cada grão de ração,
desfiando o frango com os dentes,
adorando arroz e feijão!
Parece um touro de forte,
um bebê na contramão...
Hoje me deu uma baita saudade,
do ronco da Grace à noite,
do ronronar feito gato dormindo de dia...
Ela é uma 'boxer' albina,
uma cadela menina!
Adora sentar-se em meu colo
afundando-me no sofá da sala,
ou exigindo seu lugar no canto guardado,
dando o patarrão
para eu puxá-la e abraçá-la ...
Se tudo der certo,
irei vê-la em setembro, outubro, novembro,
nem sei!
Deus é quem sabe!
Gritarei do lado de fora: Graceeeeeeeeee!...
e ela começara a pular dentro de casa!
Mais uma menina na família,
ela e Pandorinha são demais,
fazem nossos dias mais felizes,
principalmente quando as vemos 'face to face!'
Até mais, Graceeeeeeeeeeeeeeee....
Brasília - 25/06/2009
Marcadores: Saudades