Margaret Pelicano

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Uma elegia ao Nossos Velhos

NOSSOS VELHOS
Margaret Pelicano

Como criança, a passos trôpegos, lá vai o velho,
tremendo as mãos, antes firmes e varonis,
corpo encarquilhado, olhares vacilantes e sutis,
deixa de ver o visível, para perceber o zelo;

Cansado, senta-se à sombra de uma árvore,
sorri ao ouvir o cantar dos passarinhos;
sorri ao ver os cachorrinhos que passam;
cumprimenta a todos, chamando-os de meu bem...

Nem percebeu que o tempo foi veloz,
que hoje as dores não passam, são seu algoz,
que os filhos se afastaram para lutar pela vida
que em cada veia corre uma ferida:

a saudade da saúde; a vontade das aventuras;
e tem muito do que não queria ter:
um frio constante, um eterno querer vir a ser;
e uma recusa gritante aos cabelos ralos...

Bengala em punho, rosto enrugado,
O que pensa o velho sobre o futuro?
O murro e o urro já o abandonaram!
Medos, pesares, remorsos, cruzam sua memória?

E quantos amores ainda o circundam?
Inundam seu sangue de ventura
a esposa, os filhos, os netos?
Os amigos ainda o visitam?

Todos os dias a velhice o espreita,
avizinha-se e se deleita,
sabe que ele já é seu por inteiro,
como um cigarro se apagando no cinzeiro...

E ele ainda quer ser útil,
quer ensinar o que antes não conseguiu,
quer impregnar no semelhante o respeito,
e muitas vezes sua boca é só um trejeito..

Anda cansado, desamparado da vida
que vai deixando-o lentamente,
para que ele parta sozinho
ao encontro do sol poente!

Brasília - 23/06/2008




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escrito por Margaret Pelicano às 17:38 0 Comentários

quinta-feira, 19 de junho de 2008

NEM SEMPRE O QUE O POETA ESCREVE É O QUE ELE SENTE



O BAILADO
Margaret Pelicano

Nem sempre o que o poeta escreve
é o que ele sente...há que se compreender:
poeta bom, é poeta morto!
Há que se morrer: nas inspirações,
nas explicações, sempre filosofando...

Muitos dirão: enlouquecida criatura,
vive na desventura e quer ditar escrituras!
Poeta, este ser que se dilacera
que sente mais dores do que qualquer alma vivente,
pode ser também o mais doce, o mais contente!

Quisera um dia só ser poeta,
ler nas entrelinhas o interdito
e ao deixar o coração contrito
perceber que a usura humana
não passa de medo da criatura!

Porém insisto e não desisto:
escrevo o que me vêm à mente,
parece inspiração, noutras intuição,
noutras então: a dor do sentimento vão!
Para completar, as belezas que vem do coração!

Vou colocando pitadinhas de mau-humor
entremeadas de bom-humor
para o bolo sair bem temperado,
por que ninguém é de ferro!
Ligo a máquina a vapor

E vou como a Maria Fumaça,
queimando por dentro o sentimento do mundo,
expelindo água quente para desinfetar o submundo
tão cheio de crimes de lesa-pátria
e para espairecer, olhando a paisagem

a sempre renovada fauna e flora!
Sim, por que a natureza parece sempre se regenerar
e perdoar o contaminado...
E a esperança vai trocando sua fantasia
e renovando, na vida do escritor, o bailado!

Brasília - 19/06/2008
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escrito por Margaret Pelicano às 16:42 1 Comentários

quinta-feira, 12 de junho de 2008

ENAMORAR-SE JÁ


Amigos, aqui faço uma sugestão:
Dia dos namorados já era,
é um consumo desenfreado,
motéis aborrotados,
casais enamorados ou não,
tudo por que o objetivo
é ter namorado neste dia,
para não sofrer uma histeria!

Pensei então, cá com meu botão:
Melhor seria,
ser o dia dos enamorados!
Os enamorados pelo sol do meio-dia,
bem a pino, pelas fases da lua
que mexem com as marés,
com as mulheres e os loucos,
pelos jardins floridos,
pelos velhos, pelas crianças,
pela profissão...

Enamorar-se é um sentimento
mais definido, cheio de amor ao próximo!
Neste dia, poderia
dar um presente
para quem amo descompromissadamente,
e que esqueci de ser gentil ao longo do ano.

Também seria mais criativo:
nesta época, um presente para um amigo,
noutra época, para o namorado,
noutra, uma TV para a escola...
sim, por que não?
Posso estar enamorada pela educação!
Posso estar enamorada por um irmão,
de sangue ou não...

Dia dos enamorados...
que linda sugestão!
Para quem é otimista, alegria!
Para quem é romântico e está só,
é só enamorar-se por uma tia ou avó...
E quem sabe criar coragem
e correr atrás da mulher amada
que com certeza está na mesma estrada,
aguardando o chamado
e querendo chamá-lo de amado!

Enamorar-se é mais bonito,
é mais forte,
mais sensato até!
Fez-me até escrever estes versos,
por que sou enamorada pelas palavras...
O mundo será mais feliz se a gente aprender
a demonstrar coração enamorado de bem!
Aprenderemos a olhar o infinito,
sem esquecer o beijo finito,
se nos acostumarmos com união e separação,
por que enamorar-se é amplidão,
é coração aberto para mundo,
as coisas, as gentes...

É como estar na montanha mais alta,
braços abertos,
sol no peito, orvalho nas mãos,
alvorada de vida nova,
reconciliação
com todas as coisas do universo...
Vamos nos enamorar então?

Brasília - 12/06/2008






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escrito por Margaret Pelicano às 18:39 3 Comentários

A SEMEADURA É LIVRE E A COLHEITA É OBRIGATÓRIA


O que leva o ser humano a errar sobre os mesmos atos, com freqüência, sabedor de que faz o que não deve?
Aprender deveria ser algo definitivo! Por exemplo, uma criança é educada para economizar energia, ao sair de casa apagar toas as lâmpadas, panelas no fogo, não deixar o forno aceso...
No entanto, na adolescência, volta a deixar todas as lâmpadas acesas, como se não lhe houvessem ensinado a economizar energia elétrica, por vários motivos: economia do bolso, bem para o Planeta!... Repreendido, o adolescente volta a errar!
Muitos diriam que a rebeldia é inerente à idade.
Porém se houve aprendizagem prévia, ela deveria estar fixada na memória de tal maneira que o erro fosse evitado.
Jesus disse: "A semeadura é livre e a colheita é obrigatória". Diante de tão profundos conhecimentos que o Mestre nos legou, aí está a humanidade tropeçando nas verdades, nos mesmos defeitos sucessivamente, perdendo até a noção da moral, da ética, da cidadania, do companheirismo, do respeito.
Na Gênese, que descreve o Paraíso, estão Adão e Eva, orientados sobre o pecado e mesmo sabendo que seriam punidos, erram. Também a psicologia afirma: uma das formas de corrigenda é o castigo.
Poderia escrever um ensaio sobre o assunto, fazer pesquisas mil, mas a somas das generalidades é a mesma: o homem convenientemente continua a cometer os mesmos erros, ou por prazer, ou por indisciplina, ou por desleixo, ou ainda falta de consciência.
Recorro à sabedoria do Mestre, mais uma vez: se Ele ensinou sempre dar a outra face, ficaremos sendo esbofeteados por milênios, por que demoramos e muito a nos modificar para melhor.

Brasília - 12/06/2008
escrito por Margaret Pelicano às 17:54 1 Comentários

quarta-feira, 11 de junho de 2008

COMO CORRIGIR A VIOLÊNCIA NA ESCOLA


Intriga-me a sociedade, os governantes, os educadores de modo geral , ainda não terem acordado para estender os braços pedagógicos a todo o povo brasileiro.
E não falo só de uma educação de crianças, adolescentes e alfabetização de adultos.
Refiro-me, principalmente, ao fato da educação não estender seus braços às famílias de pequena renda. Se houver, desconheço projetos que eduquem as famílias.
É mais ou menos assim que penso: não adianta ensinar a pescar, se não se tem o anzol, a linha, a vara e a isca! O que quero dizer com esta metáfora? Não adianta educar as crianças e jovens, se a família nunca foi educada. Quem não tem, não pode dar nada!
As campanhas governamentais estimulam os pais a colocarem os filhos na escola, mas estes mesmos pais, muitos analfabetos, tem dificuldade de se relacionar na vizinhança, não tem emprego por que não se profissionalizaram.
Diante disto, muitos se degeneram, bebem, violentam os filhos e/ou as esposas, não trabalham, não sabem fazer nada, num mundo profundamente globalizado, que exige profissinais especializados
Já dizia Rousseau: O homem nasce bom, a sociedade o corrompe. Para onde vai então, esta bondade inerente ao homem? Até quando, Srs Seccretários de Educação vai se falar de violência nas escolas, se os senhores que dirigem esta instituição de tamanho vulto, não se conscientizam de que é preciso ir à causa? Ao foco da questão. Enquanto não se educar a família, o trabalho com as crianças e jovens ficará capenga.
A construção da cidadania começa com as famílias. Estas sim, estão perdidas. Já assisti entrevistas com crianças que querem ensinam aos pais sobre higiene, economia, atitudes como: por favor, com licença, obrigada, e os pais recusam: 'Sai pra lá fedelho, quem é você para me ensinar qualquer coisa'.
É isto aí, minha gente, A educação não começa na escola, e sim na família. Não é aquela velha regra de que a família educa a criança e a escola completa. Esta também é válida! É um novo pensamento, educar quem nunca foi à escola. As Secretarias de Educação estão precisando de Assistentes Sociais para fazer o levantamento da situação familiar do aluno e corrigir o erro educacional. Quando os pais tiverem educação para dar, passarão aos filhos, com certeza! Desta forma a violência poderá será erradicada!

Brasília - 11/06/2008




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escrito por Margaret Pelicano às 19:26 0 Comentários

domingo, 8 de junho de 2008

DECISÃO


Doravante, decidi não mais defender o Planeta,
que se acabe e pronto!

Decidi não mais falar de amor, ele não existe!
Não o vejo, só eu o sinto, deve ser coisa de minha cabeça!

Decidi ignorar flor, animal, gente,
não mais observar semente que nasce,
pássaro que trina maviosamente,
cão que late, cavalo que relincha,
ovelha que bale...

Decidi não existir, antes mesmo que o mundo se acabe!
E se ele se acabar antes de mim, ele é quem sabe!
No mundo espiritual aprontarei um escândalo, tamanho alarde!...

Hum! Tardia decisão
esta de ser derrotista,
porém parece ser o que resta a um artista,
que já berrou,
escreveu nos muros das cidades,
saiu nu feito um louco, foi preso,
chingou o presidente,
apoquentou a cabeça do Ministro do meio Ambiente...

É que não sei mais o que fazer,
ler não resolve,
escrever não adianta,
ser solicito espanta!!!

Então, tomei a decisão:
doravante sou cidadão do mundo!
Traduzindo em miúdos
não sou nada desde então...
talvez, só mais um na multidão!

Brasília - 06/06/2008



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escrito por Margaret Pelicano às 20:53 0 Comentários

sábado, 7 de junho de 2008

DOS AFETOS E TOQUE-ME


Toque-me, antes que seja tarde
deixa-me sentir sua pele, sua mão!
Não me diga não! Tocar é amaciar a almana
doce sutileza de irmão...


Deixa-me tocar-te também,
para isto o homem foi feito,
acariciar com respeito
os cabelos, o olhar, o coração


Chorar sobre o leite derramado,
pedir perdão depois que o outro se for,
não adianta mais o recado...


Seres vivos precisam de afeto,
este lhes dá vida, torna o homem correto,
toque-me, deixe-me tocar-te também...


Assim, sem preconceito, digamos: Amém!


Brasília - 07/06/2008


TOQUE-ME

Margaret Pelicano


Toque-me, a carícia não é ilusão!
Tocar cura as desditas
a alma aflita encontra, no toque, união!


Se não quiseres tocar-me,
envie-me olhar que gorgeia
fazendo zunir as fímbrias do coração!


Um olhar fala mais que palavras
altera a disposição,
faz palpitar a audição,


todo toque é benfazejo,
em arpejos trina os desejos de paz e concentração...
Toque-me em paz, ouça-me com delicadeza


é só o que espera o Pai,
em qualquer dimensão que esteja!
Toque-me! Despeje belezas...


Brasília - 07/06/2008

Proteja os direitos autorais

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escrito por Margaret Pelicano às 17:40 0 Comentários

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A OUTRA CAIXA DE PANDORA


Deixe-me sonhar com a paz de espírito
Deixe-me sonhar com a paz dos povos
deixe-me viver sem ficar aflito,
deixe-me andar sem pisar em ovos...

Desta feita, os segredos estarão bem cuidados,
cada um procurando conhecer-se a si mesmo,
sem se meter na vida de amigos e amados,
deixando de observar a ignomínia e os trejeitos;

Assim, cada um cuidando de si sem tirar proveito
do conhecimento do outro, mas somando respeito,
haverá um mundo feliz, sem preconceito...

Deixe-me, pois, ser ser humano de fato,
amar tudo e todos, para não magoar, usar o tato,
esta a caixa de Pandora a ser aberta no espaço!

Brasília - 02/06/2008

Direito Autoral - Lei 9609/98



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escrito por Margaret Pelicano às 16:26 0 Comentários

JAMAIS ENTREGAR O OURO AO BANDIDO


Troca-se um analfabeto político
por um cidadão conscientizado
Um desemprego desamparado
por um empregado profissionalizado.

Troca-se a floresta desmatada
por um replantio acelerado,
recuperando assim riquezas
que não podem se perder.

Troca-se qualquer coisa ruim que queiram nos impingir!
por outra que não se pode deixar de ter,
A consciência não pode falir,
nem entregar o ouro pro bandido!

Troca-se o desamor pelo amor,
o desrespeito pelo respeito,
para espalhar no leito do meu país
a paz, a fé, a união, a consideração de irmãos!

Brasília - 01/06/2008


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escrito por Margaret Pelicano às 15:08 0 Comentários

poesias, contos, crônicas, cartas