Margaret Pelicano
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Dueto com Inês Marucci
'A VELHICE É A QUADRA SEM PRAZER DE TODA A VIDA HUMANA' - Antonio Candido/escritor português
Margaret Pelicano
Não adianta lutar, a gente envelhece!
Por mais que não queira, a gente envelhece!
É como o fim da quermesse:
todos partindo para suas casas,
o leilão de prendas chegando ao fim,
terminou o bingo!
A gente envelhece e esquece...
Muito da energia juvenil se vai,
parece o desmontar da arquibancada, no desfile,
cada figurante vai perdendo suas peças!
Acontece o inesperado:
o corpo dói, a melodia do samba desafina,
a mente se corrói em pensamentos negativos,
a pele coça, se descamando,
lentamente as rugas vem se esfumando
como uma pintura velha,
corroída pelo tempo inexorável!
Depois as rugas se fixam,
o rosto marcado vai mudando
a coluna abandonando a matéria espessa...
A gente envelhece e tem medo de ir embora!
Mas tem que ir!
Lá fora, a vida vai dizendo adeus,
como a Miss Universo, balançando a mãozinha de boneca!
A mente implora pra ficar, mas está partindo devagar,
sem perceber e sofrendo pelo terminar...
E ninguém mais quer nos compreender,
e ter a paciência que tantas vezes já tivemos...
Fomos perdendo os direitos,
o corpo se arrasta cheio de trejeitos,
levantar de uma cadeira é um peso...
E os médicos dizem: -agradeça!
São poucos que chegam na sua idade!
Mas nós queríamos ter a sabedoria adquirida,
e apenas 18 anos, esta é a verdade!...
Porém... o espetáculo está no fim,
e entramos no palco para o último ato,
com os olhos marejados de lágrimas,
fazendo muita gente da platéia soluçar,
tentando dizer que há outras existências,
que voltaremos,
mas é nesta que quereríamos ficar!
Brasília - 26/08/2008
A VELHICE
Inês Marucci
A eternidade cabe numa vida parcelada
de diamantes em fase de lapidação,
que nascem para buscar a luz verdadeira
descartando aos poucos o casulo inútil
visando seu vôo magistral de borboleta.
A velhice é vitória concebida pela vida
a quem em missão suas sementes planta
e se apraz pelos frutos que em seu lugar
os colherá a futura geração imaginada.
É fulgor de calmaria que brota nos olhos,
é deleite por sentir o crescimento interior
compensando o que se perde da aparência,
é alegria de romper sempre o novo ciclo
com a coragem parida na doçura da fé.
A velhice é o treinamento ao desapego,
é cumplicidade aos sentimentos nobres,
bagagem essencial e única para nos céus
da infinitude obter-se o perpétuo brilho.
Quem disse que transições são simples,
que não requerem empenho, suor e dor?
A cada uma todavia Deus capacita o missionário
fortalecendo-o com sonhos e experiências,
desafios que tecem e destecem rugas do destino,
e qual passar de botão a rosal perfumado
almas nascem, crescem na oficina da vida
e ascendem abraçando a luz e a paz perene.
São Paulo - 26.08.08
de diamantes em fase de lapidação,
que nascem para buscar a luz verdadeira
descartando aos poucos o casulo inútil
visando seu vôo magistral de borboleta.
A velhice é vitória concebida pela vida
a quem em missão suas sementes planta
e se apraz pelos frutos que em seu lugar
os colherá a futura geração imaginada.
É fulgor de calmaria que brota nos olhos,
é deleite por sentir o crescimento interior
compensando o que se perde da aparência,
é alegria de romper sempre o novo ciclo
com a coragem parida na doçura da fé.
A velhice é o treinamento ao desapego,
é cumplicidade aos sentimentos nobres,
bagagem essencial e única para nos céus
da infinitude obter-se o perpétuo brilho.
Quem disse que transições são simples,
que não requerem empenho, suor e dor?
A cada uma todavia Deus capacita o missionário
fortalecendo-o com sonhos e experiências,
desafios que tecem e destecem rugas do destino,
e qual passar de botão a rosal perfumado
almas nascem, crescem na oficina da vida
e ascendem abraçando a luz e a paz perene.
São Paulo - 26.08.08
Marcadores: Dueto
domingo, 24 de agosto de 2008
Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer mais nada.
Vladimir Maiakóvski
PARÁFRASE
DECÁLOGO
Margaret Pelicano
1º Chegou em minha casa como raio de sol, forte e determinada!
2º Foi crescendo, se esparramando e eu protegendo sua inocência;
3º Cada dia mais linda, mais inteligente e esperta, tornou-se minha vida;
4º Deixou a própria casa e veio morar comigo; mesmo eu não querendo, mesmo eu me apovorando, mesmo eu me preocupando com o desgaste da relação...
5º Tivemos a primeira briga com 7 anos; e outras menores no decorrer do tempo;
6º Tivemos a segunda briga e foi muito feia; devolvia-a para a mãe, antes que cometesse um ato absurdo! Ela saiu falando impropérios: que ela era única, que eu iria morrer de solidão;
7º Voltou para casa no outro dia, de cara amarrada e foi ficando, ficando...como planta que se alastra pelo chão.Começou a florir de novo, seu sorriso é puro verão!
8º Tivemos a terceira briga: -você não guarda nada, espalha tudo, é uma bagunça...e ela me ignorando: Tratou-me feito papel velho, amassado, sujo, pronto pra lixeira;
9º Pedi uma reunião: - Entrego os pontos, disse! Cansei de brigar com você e nada mudar! Faça o que quiser! Vá, volte, eu estou aqui sempre pra ajudar!
10º Ela nada de braçada, eu já não consigo fazer mais nada!
Brasília - 24/08/2008
PARÁFRASE
DECÁLOGO
Margaret Pelicano
1º Chegou em minha casa como raio de sol, forte e determinada!
2º Foi crescendo, se esparramando e eu protegendo sua inocência;
3º Cada dia mais linda, mais inteligente e esperta, tornou-se minha vida;
4º Deixou a própria casa e veio morar comigo; mesmo eu não querendo, mesmo eu me apovorando, mesmo eu me preocupando com o desgaste da relação...
5º Tivemos a primeira briga com 7 anos; e outras menores no decorrer do tempo;
6º Tivemos a segunda briga e foi muito feia; devolvia-a para a mãe, antes que cometesse um ato absurdo! Ela saiu falando impropérios: que ela era única, que eu iria morrer de solidão;
7º Voltou para casa no outro dia, de cara amarrada e foi ficando, ficando...como planta que se alastra pelo chão.Começou a florir de novo, seu sorriso é puro verão!
8º Tivemos a terceira briga: -você não guarda nada, espalha tudo, é uma bagunça...e ela me ignorando: Tratou-me feito papel velho, amassado, sujo, pronto pra lixeira;
9º Pedi uma reunião: - Entrego os pontos, disse! Cansei de brigar com você e nada mudar! Faça o que quiser! Vá, volte, eu estou aqui sempre pra ajudar!
10º Ela nada de braçada, eu já não consigo fazer mais nada!
Brasília - 24/08/2008
Marcadores: Poesia - Lírica
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
VIDA SUBLIMADA
Margaret Pelicano
Sublimando levo a existência
sem amor, sem alforria,
grilhões escravos, vida vazia,
sem temer as conseqüências...
Enfrento a dura lida insossa,
contento-me com o pouco,
o espírito de gritar ficou rouco,
implora o término da violência...
Sem amor, sem respeito, sem gratidão,
sofre calamitosamente o coração,
não há oração ou vibração
que liberte a alma ofegante...
Procuro observar no horizonte,
os perfumes da eterna esperança,
a maria-sem-vergonha virou linda rosa,
a coruja me observa curiosa:
'Por onde anda esta mulher toda noite,
sai a caminhar sem direção,
não vai alegre, nem triste,
meio sorriso, um alçapão...
'É que guardo dentro de mim,
lembranças, eternas felicidades,
com elas e por elas vivo afinidades,
não busco mais fantasias...
Sublimei, definitivamente, sublimei...
se as alegrias me alimentaram,
as decepções me derrotaram,
não quero mais viver de alegorias!
Brasília - 21/08/2008
Margaret Pelicano
Sublimando levo a existência
sem amor, sem alforria,
grilhões escravos, vida vazia,
sem temer as conseqüências...
Enfrento a dura lida insossa,
contento-me com o pouco,
o espírito de gritar ficou rouco,
implora o término da violência...
Sem amor, sem respeito, sem gratidão,
sofre calamitosamente o coração,
não há oração ou vibração
que liberte a alma ofegante...
Procuro observar no horizonte,
os perfumes da eterna esperança,
a maria-sem-vergonha virou linda rosa,
a coruja me observa curiosa:
'Por onde anda esta mulher toda noite,
sai a caminhar sem direção,
não vai alegre, nem triste,
meio sorriso, um alçapão...
'É que guardo dentro de mim,
lembranças, eternas felicidades,
com elas e por elas vivo afinidades,
não busco mais fantasias...
Sublimei, definitivamente, sublimei...
se as alegrias me alimentaram,
as decepções me derrotaram,
não quero mais viver de alegorias!
Brasília - 21/08/2008
Marcadores: Poesia - Lírica
Margaret Pelicano
Gelei como nunca pensei ter gelado!
Esqueci o livro no armário,
as pedras preciosas que me destes,
o sorriso ficou encarquilhado...
Olho para as fotos, beijo teu rosto amado
e me vem à memória os dias de glória...
Sim! por que amar é glorioso!
É deixar de ser encosto da tristeza,
para ficar sorrindo para tudo e nada...
é uma beleza...amar é uma beleza!
Porém, gelou-me no peito,
antes amolecido, o amor paixão...
Como pode, um ser em sã consciência
provocar esta dormência?
Perder o conquistado, o almejado?
Não sei! Perder tudo...restar nada...
nem o som da risada!
Preciso dilatar as artérias da compaixão!
aquecer o peito contrito...
esquecer o aflito, decompor a emoção:
Em flores miúdas por onde passo!
Em pirilampos, quando sozinha,
caminhando pelos espaços...
a imaginação voando, voando...
e não te encontrando mais!
E nem fico triste!
Só uma nostalgia me invade...
Esfrego os pulsos,
acelero a corrente,
ergo a cabeça e antes que me esqueça,
sorrio, envio beijos à lua, olho para frente...
A vida continua!
Brasília - 21/08/2008
Marcadores: Poesia - Lírica
sábado, 16 de agosto de 2008
Que tal alastrar um vírus de alegria e alto astral tornando-se um feiticeiro do bem?
SONETO DA LETARGIA
Margaret Pelicano
Tem dias em que se fixa o estado de letargia:
Pretende-se uma paz que não vêm!
Há um cansaço da rotina,
parece perdido o amor...
O tesão, este alimentador das ânsias
escondeu-se e foi descansar em reentrâncias,
onde não há como o encontrar!
A alegria amua num canto qualquer...
Aí, a melhor saída, é dormir, descansar...
Ou rezar! Em qualquer canto fazer um templo,
botar para fora o vazio, mesmo no frio, escrever...
Rimas? Nem pensar. Conteúdo belo de ser ver!
O comportamento espremido quer sair,
soltar-se como pássaro, espalhar-se até se perder!
Brasília - 15/08/2008
Marcadores: Poesia - Lírica
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
VOCÊ É FILHO DO UNIVERSO, IRMÃO DAS ESTRELAS E ÁRVORES, VOCÊ MERECE ESTAR AQUI!
Margaret Pelicano
Vou explodir!
Feito a D.Redonda da novela Saramandaia....
Um aperto no peito,
uma solidão incruada,
um silêncio sem jeito
tudo para não dar porrada,
pra não criar confusão,
pra manter calma a situação...
Sei que vou explodir,
como a Wilza Carla
e quando for pedaço nojento pra todo lado,
dos pecados,das feiúras,
das amarguras,dos desamores,
da solidão acompanhada...
Quem sabe alguém acorde e diga:
- Coitada!- Tão boa pessoa!
Estou enojada desta mentirada de vida,
de suportar o insuportável!
De levar porrada
por que tenho amor demais pra dar!
E amor demais sufoca!
Sufoca e confunde as cabeças amadas!
E aí vem a ira,
dá vontade de ficar louca,
rasgar a roupa,
sair pelada,
ficar na solitária da memória
para acalmar,dando gargalhada!
Por que a vida é tão confusa?
Por que é tão complicado viver na paz de Buda!
obter uma harmonia criativa com o meio ambiente,
viver sorrindo como os monges de antigamente,
reverenciando tudo e todos!
'Levou um soco no rosto? Sorria!'
'Levou um ponta-pé na bunda? Sorria!'
'Tornou-se escravo do outro...sorria!'
'É, deu pra desabafar...
Não vou mais explodir...hoje
...fica pra mais tarde!
Pra outra comunicação sem retorno,
pra outra pergunta sem resposta,
pra outro isolamento,
outra taquicardia...
Poeta...sorria! Sorria...
...Brasília - 10/08/2008
Resposta de outra poeta
Marly Caldas
Na verdade a amiga tem razão
Está tudo um caos
E nós no meio encurraladas
De todos os lados são pedradas
Tanta gente machucada
E o pior sem reação
Falta de coragem?
Acomodação?
Desânimo?
Sei não!
Só sei que também entendo sua reclamação
E penso ....haverá solução?
Não será explodir!
Sabe por quê?
Eles vão morrer de rir!
R.J. - 14/08/08
Marcadores: Dueto
terça-feira, 12 de agosto de 2008
NA VIDA NÃO EXISTEM PRÊMIOS NEM CASTIGOS SOMENTE AS CONSEQÜÊNCIAS DE NOSSOS ATOS - Francisco do Espírito Santo - Espírito Hammed
SUBIR E DESCER MONTANHAS
Margaret Pelicano
Ninguém gosta de descer a montanha:
impressão de queda, de oscilação,
de que tudo deu errado, ou que é manha...
No entanto, lá embaixo está o vale fértil,
Os rios correm entre elas,
a gramínea repleta de floresinhas
enfeita como suave aquarela,
os animais pastam e seres vivos caminham...
Ninguém gosta de descer a montanha!
Só subir, pois subir é pensar grande,
e vencer na vida, é ter orgulho do feito...
Porém, subidas e descidas...é o jeito!
No topo, firme e forte, vê-se o horizonte!
Embaixo, necessário banhar-se em boa fonte!
Brasília - 11/08/2008
Marcadores: AUTO-AJUDA
sábado, 9 de agosto de 2008
PRESENTINHO DO AMIGO SIDNEY
Para a loira.
Sidney Santos
ROSTO
Cabelos dourados
Na tela, espalhados
Paleta do artista
Em sonhos encantados
Carmim, nova cor
Lábios, emoção
Vermelho do amor
Matiz da paixão
Brando aviso
Afeição e ternura
Lindo sorriso
Completa a pintura
Sid ago 2008
Marcadores: Poesia - Lírica
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
TRIETO DA PROCURA - WOO, MEG, Mª Luiza Bonini
(?)
Não deixastes rastro
ou quem sabe, eu não pude te seguir;
porém, mesmo assim,
te procuro por todos os cantos e esquinas !
ByWoo
*
Procuro por todo canto e esquinas,
a paz que não mais tenho,
queimo por dentro o velho lenho,
a paciência evaporou-se nas sinas...
Partida, esmiuçada, revirada
estão meus cacos,
não é mais de minha alçada
encontrar-me nos descaminhos...
Que sei de mim:
que sou rebelde, calma e violenta,
descontrolada e pacata,
tudo depende de quem me apoquenta!
Queria ser firme, carinhosa, tolerante
até não mais poder...ser calma,
mas um furor possante
costuma me invadir a alma...
E assim vou levando a vida:
magoando e sendo magoada,
esqueci de trilhar boa estrada
e ser pacífica, pacífica, até ser nada!...
Brasília - 06/08/2008
*
Sigo teu rastro,
persistente
Como a chuva,
à torrente
Será assim,
eternamente
Maria Luiza Bonini
Não deixastes rastro
ou quem sabe, eu não pude te seguir;
porém, mesmo assim,
te procuro por todos os cantos e esquinas !
ByWoo
*
Procura
Margaret Pelicano
Procuro por todo canto e esquinas,
a paz que não mais tenho,
queimo por dentro o velho lenho,
a paciência evaporou-se nas sinas...
Partida, esmiuçada, revirada
estão meus cacos,
não é mais de minha alçada
encontrar-me nos descaminhos...
Que sei de mim:
que sou rebelde, calma e violenta,
descontrolada e pacata,
tudo depende de quem me apoquenta!
Queria ser firme, carinhosa, tolerante
até não mais poder...ser calma,
mas um furor possante
costuma me invadir a alma...
E assim vou levando a vida:
magoando e sendo magoada,
esqueci de trilhar boa estrada
e ser pacífica, pacífica, até ser nada!...
Brasília - 06/08/2008
*
Sigo teu rastro,
persistente
Como a chuva,
à torrente
Será assim,
eternamente
Maria Luiza Bonini
Marcadores: de amigos
terça-feira, 5 de agosto de 2008
61. Alguém quer ouvir minhas histórias?
TENHO TANTAS HISTÓRIAS PARA CONTAR
Margaret Pelicano
Dentro de minhas lembranças, tanta história velha,
muros velhos sem reboco, cheios de limo,
casas antigas com samambaias sobre as telhas,
meus pulmões navegando na umidade do ar
e eu sufocada com a bronquite asmática...
Dentro de minhas lembranças, uma saudade doída
da infância de pé no chão, de escalar montanhas
quando viajava para Ouro Fino!
A Maria Fumaça apitando e nos sujando de fuligem,
os animais pastando o verde abundante
e a gente se deliciando, brigando para ficar na janelinha!
Dentro de minhas lembranças, camas de mola,
colchões de pena, travesseiros de paina
que me davam uma alergia danada
a caneta de pena, para ser molhada no tinteiro,
o mata-borrão secando quando a tinta pingava...
bem no meio do trabalho aquela manchona horrorosa,
e a gente molhava a borracha na saliva
e ia passando com cuidado para não rasgar o papel...
Certo dia ensinaram-me a limpar o trabalho
com água sanitária, bem devagar...
Meu Jesus Cristinho, nas primeiras vezes,
foi uma 'meleca' só, depois tudo foi dando certo,
como este poema em prosa onde conto minhas histórias
tentando deixar para a posteridade
a maneira de se viver nos idos de 1960...
Por que para o tempo, a idade é inexistente!
Naquela época muitos cavaleiros pela rua, a galope...
muitos moleques rodando pião,
muitos muros sendo escalados,
botinas chiadeiras, sapatos apertados...
não se comprava sapato sempre, era uma vez no ano,
olhe lá, duas! Menos desenganos!
O chapéu de um homem sobre a mesa
mostrava o respeito que se devia ao dono da casa!
Confiava-se num fio de barba de qualquer macho!
Dentro das gavetas de minhas lembranças, tanta história velha....
Brasília - 04/08/2008
Margaret Pelicano
Dentro de minhas lembranças, tanta história velha,
muros velhos sem reboco, cheios de limo,
casas antigas com samambaias sobre as telhas,
meus pulmões navegando na umidade do ar
e eu sufocada com a bronquite asmática...
Dentro de minhas lembranças, uma saudade doída
da infância de pé no chão, de escalar montanhas
quando viajava para Ouro Fino!
A Maria Fumaça apitando e nos sujando de fuligem,
os animais pastando o verde abundante
e a gente se deliciando, brigando para ficar na janelinha!
Dentro de minhas lembranças, camas de mola,
colchões de pena, travesseiros de paina
que me davam uma alergia danada
a caneta de pena, para ser molhada no tinteiro,
o mata-borrão secando quando a tinta pingava...
bem no meio do trabalho aquela manchona horrorosa,
e a gente molhava a borracha na saliva
e ia passando com cuidado para não rasgar o papel...
Certo dia ensinaram-me a limpar o trabalho
com água sanitária, bem devagar...
Meu Jesus Cristinho, nas primeiras vezes,
foi uma 'meleca' só, depois tudo foi dando certo,
como este poema em prosa onde conto minhas histórias
tentando deixar para a posteridade
a maneira de se viver nos idos de 1960...
Por que para o tempo, a idade é inexistente!
Naquela época muitos cavaleiros pela rua, a galope...
muitos moleques rodando pião,
muitos muros sendo escalados,
botinas chiadeiras, sapatos apertados...
não se comprava sapato sempre, era uma vez no ano,
olhe lá, duas! Menos desenganos!
O chapéu de um homem sobre a mesa
mostrava o respeito que se devia ao dono da casa!
Confiava-se num fio de barba de qualquer macho!
Dentro das gavetas de minhas lembranças, tanta história velha....
Brasília - 04/08/2008
Marcadores: regional
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Uma vez que as guerras nascem no espírito dos homens, é no espírito dos homens que se devem erguer as defesas da paz. Archibal MacLeish
Infância
Cida Micossi
A casa da minha infância
Quase não visito mais
Fica numa cidade pequena
Lá, onde existe paz.
Eu nada sabia da vida
Mas vivia em segurança
Pois era cuidada e querida
Na cidade da minha infância
A lembrança da família
Que meu caráter formou
Me traz imensa nostalgia:
Hoje, a filha ao lar retornou.
Vejo o sol brilhando no céu azul,
Folhas da jabuticabeira ao chão;
Sinto o vento de leve em meu corpo,
É outono na estação, é outono em meu coração.
Presenças constantes, lembranças infindas
da minha infância, quando eu era garotinha.
Ouço as maritacas em coro na árvore vizinha
Hoje aqui me dando as boas vindas.
Elas quebram o silêncio profundo
Que vem de dentro da casa vazia
Tal qual a serenidade em meu ser
Com essa paz que há muito eu não sentia.
(gypsy, 23-04-2008, em Descalvado)
Cida Micossi
A casa da minha infância
Quase não visito mais
Fica numa cidade pequena
Lá, onde existe paz.
Eu nada sabia da vida
Mas vivia em segurança
Pois era cuidada e querida
Na cidade da minha infância
A lembrança da família
Que meu caráter formou
Me traz imensa nostalgia:
Hoje, a filha ao lar retornou.
Vejo o sol brilhando no céu azul,
Folhas da jabuticabeira ao chão;
Sinto o vento de leve em meu corpo,
É outono na estação, é outono em meu coração.
Presenças constantes, lembranças infindas
da minha infância, quando eu era garotinha.
Ouço as maritacas em coro na árvore vizinha
Hoje aqui me dando as boas vindas.
Elas quebram o silêncio profundo
Que vem de dentro da casa vazia
Tal qual a serenidade em meu ser
Com essa paz que há muito eu não sentia.
(gypsy, 23-04-2008, em Descalvado)
Marcadores: Poesia - Lírica
"Os poderosos podem matar uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão deter a primavera". Che Guevara
Aos que Odeiam as Árvores!
(Às Árvores de Porto Alegre!)
J.J. Oliveira Gonçalves
Arrancam da árvore a pele
Corações vis – inclementes!
O “racional” os impele
vândalos são! (Ou doentes?)
Pelas calçadas tristonhas:
Anônimas... mutiladas...
Ainda, ontem, tão risonhas
Hoje, ao léu – vilipendiadas!
Árvores gemem – coitadas!
Desprezam-lhes sombra e flor...
Quantas (nuas... descascadas!)
Em silente... acerba Dor!
Autores desses maus-tratos
Por arrogância (ou prazer?)
Covardes seres – ingratos
Um dia hão de sofrer:
As próprias Dores que infligem
À boa Mãe-Natureza!
Zombando, (hipócritas!), fingem
Que sabem o que é Beleza...
Em meu bairro, que tristeza
Tão cruel devastação:
A covardia, a torpeza
No ato insano da mão!
Quem a árvore suplicia
Sem dó, assim – sem piedade
Do Criador mata a Poesia
Peca por pura maldade!
Ah... quando chegar sua hora
Há de colher da “boa” ação:
Dor igual que causa agora!
(Terá de um tronco o caixão?)
Pelo Amor ou pela Dor
É a Lei do Aprendizado!
Quem mata da Vida a Cor
Ao Escuro é condenado!
Sobra ao poeta a Esperança
Saber que um dia o incréu
Vai (por justiça ou vingança?)
Plantar árvores no Céu!
Pois o Bom Deus – Pai, Criador
(Que na árvore está também!)
Junta à Sentença o Amor:
Que o Ódio sucumba ao Bem!
Porto Alegre, 17 de dezembro/2004. 17h42min - HS
jjotapoeta@yahoo.com.br - http://www.jjotapoeta.art.br/
Marcadores: Poesia - Lírica
domingo, 3 de agosto de 2008
Foto da Jabuticabeira - Homenagem à Cida Micossi - Amiga/Confreira/Cappaz
AMANDO UMA ÁRVORE
Margaret Pelicano
A velha jabuticabeira, palco das minhas artes circenses não está mais lá. Emociono-me ao sabê-la derrubada! A cidade cresceu muito e o pomar de meu bisavô foi dividido em lotes e vendidos para construção de casas.
Minhas histórias, agora, só pertencem a mim. Não tenho com quem compartilhar meus medos, minhas ousadias, minhas criancices....
Sempre pedi a ela para não morrer antes de mim, para eu não me entristecer...longa existência humana, breve existência das árvores. Eu a queria como um cedro, ou carvalho velho, destes abandonados em fazendas, com tantas narrativas em cada célula rugosa de velhice. Mas não, derrubaram-na! Aliás, já disse e repito: não reconheço mais a rua da minha infância: tem mais sobrados que gente morando!
Quando minha jabuticabeira era jovem e eu menina, eu me dependurava em seus galhos, ou subia até as pontas mais altas. Lá em cima, as jabuticabas eram mais doces e maiores. Certa vez, resolvi brincar de cirquinho, joguei o corpo para baixo, como os trapezistas fazem, o galho quebrou e as dores nas costas foram lancinantes. Aguentei calada, se não apanhava por tanta travessura.
Eu dizia a ela, ao ficarmos sós: quando morrer, quero que me enterrem sob você, como vejo nos filmes americanos! Americano não tem medo de fantasma, enterra seus mortos no quintal da própria casa, conversa com as lápides, e cuidam dos túmulos com tanto carinho... Quero ser seu adubo e viver abraçada ao seu tronco! Hoje eu diria, quero viver abraçada ao seu espírito. Ou então: onde estão os troncos cortados de você? Quero um deles para pôr na minha casa e em estado de tristeza, ficar sentada sobre você como uma preta velha, inspirando sua fortaleza.
Mas, minha árvore se foi, a predileta, a que tinha jabuticabas do mato, selvagens, que faziam ploc ao estourar a casca e o sumo doce escorria por minha boca à dentro, e sinto vontade de chorar; e uma raiva oculta do progresso, uma faca de dois gumes, melhora algumas vidas, e destrói a muitas!
Estive na Disney, ano passado! No Animal Kingdon há uma árvore que chama a atenção, feita de fibra de vidro, com animais no tronco em alto relevo. Bonita, viu? Porém, jamais, em tempo algum, se equipara à minha jabuticabeira, ou qualquer outra árvore brasileira. E, se não cuidarmos com carinho de nossa consciência crítica, em pouco tempo só teremos árvores de fibra de vidro! Que Deus nos livre e guarde desta irresponsabilidade!
Brasília - 03/08/2008
Margaret Pelicano
A velha jabuticabeira, palco das minhas artes circenses não está mais lá. Emociono-me ao sabê-la derrubada! A cidade cresceu muito e o pomar de meu bisavô foi dividido em lotes e vendidos para construção de casas.
Minhas histórias, agora, só pertencem a mim. Não tenho com quem compartilhar meus medos, minhas ousadias, minhas criancices....
Sempre pedi a ela para não morrer antes de mim, para eu não me entristecer...longa existência humana, breve existência das árvores. Eu a queria como um cedro, ou carvalho velho, destes abandonados em fazendas, com tantas narrativas em cada célula rugosa de velhice. Mas não, derrubaram-na! Aliás, já disse e repito: não reconheço mais a rua da minha infância: tem mais sobrados que gente morando!
Quando minha jabuticabeira era jovem e eu menina, eu me dependurava em seus galhos, ou subia até as pontas mais altas. Lá em cima, as jabuticabas eram mais doces e maiores. Certa vez, resolvi brincar de cirquinho, joguei o corpo para baixo, como os trapezistas fazem, o galho quebrou e as dores nas costas foram lancinantes. Aguentei calada, se não apanhava por tanta travessura.
Eu dizia a ela, ao ficarmos sós: quando morrer, quero que me enterrem sob você, como vejo nos filmes americanos! Americano não tem medo de fantasma, enterra seus mortos no quintal da própria casa, conversa com as lápides, e cuidam dos túmulos com tanto carinho... Quero ser seu adubo e viver abraçada ao seu tronco! Hoje eu diria, quero viver abraçada ao seu espírito. Ou então: onde estão os troncos cortados de você? Quero um deles para pôr na minha casa e em estado de tristeza, ficar sentada sobre você como uma preta velha, inspirando sua fortaleza.
Mas, minha árvore se foi, a predileta, a que tinha jabuticabas do mato, selvagens, que faziam ploc ao estourar a casca e o sumo doce escorria por minha boca à dentro, e sinto vontade de chorar; e uma raiva oculta do progresso, uma faca de dois gumes, melhora algumas vidas, e destrói a muitas!
Estive na Disney, ano passado! No Animal Kingdon há uma árvore que chama a atenção, feita de fibra de vidro, com animais no tronco em alto relevo. Bonita, viu? Porém, jamais, em tempo algum, se equipara à minha jabuticabeira, ou qualquer outra árvore brasileira. E, se não cuidarmos com carinho de nossa consciência crítica, em pouco tempo só teremos árvores de fibra de vidro! Que Deus nos livre e guarde desta irresponsabilidade!
Brasília - 03/08/2008
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Chega de Egos Suplantes como dizia Zelisa Camargo
Estou enjoada da overdose da mesmice:
Tudo tão igual, as pessoas, os preconceitos,
as ganâncias, as corrupções, os corruptores,
de maneira geral...tudo tão aceito...horrores!
Chego a me entediar, falta-nos originalidade!
Até a arte é a mesma, lá, muito longe...diferente!
Arg! Vontade de vomitar! Por mim mesma!
Fico sem ar, quanta besteira, a gente se mente:
Mente por viver o inaceitável! Ter o mesmo passado
sempre! Imaginar um futuro semelhante a nossos pais!...
Não aguento, as ânsias me consomem!
Poema sobre amor....Ave Maria! Sabse o que ele é?
Não suporto mais letras banais,
cores insuportavelmente repetidas,
sinto-me banida, falta-ma transcendência,
somos congruentes, absolutamente iguais!
Quando estou assim, quero mais é voltar pro casulo
ao grande útero da terra
pra depois tentar brotar flor novamente!
Isolo-me, silencio, quero ser gente completamente!
E como tal, desnudar-me satisfatoriamente!
Mostrar o meu lado visceral, instintivo, falho...
Não sou o sol, para nascer todo dia igual!
Tenho minhas iras, meus ódios
Sou como fole, abro-me, fecho-me,
tenho defeitos e bondades, gentilezas e falsidades...
Ah! que banalidade! Estou farta do lirismo comedido!
Obrigada Manuel Bandeira! Obrigada!
Brasília - 03/08/2008
Homenagem à Zelisa Camargo
http://momentosdepaznaterra.blogspot.com/
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